CANTOS SEFARDINS E OUTROS – CONCERTOS COMENTADOS
André Baleiro, Ana Ferro e José Brandão
Este programa ergue-se em torno das doze canções de inspiração sefardita compostas por Fernando Lopes-Graça entre 1969 e 1971, tendo por base uma coletânea de cantos que lhe teria sido dada a conhecer por Michel Giacometti. Não são claros os motivos pelos quais Lopes-Graça se interessou pela música de tradição judaica hispano-portuguesa, podendo apenas especular-se sobre o assunto. Só muito recentemente dadas em estreia, na sua versão para voz e piano — seis, de entre elas, foram orquestradas em 1971— permanecem, em grande medida, desconhecidas do público português. São, contudo, um notável conjunto de canções de cariz profano, evidência da mestria da escrita pianística do compositor. Outros, refletem nas suas opções pelos temas da música judaica, a sua própria herança cultural, casos de Darius Milhaud e de Leonard Bernstein, também neste programa, que termina com uma seleção dos cantos hebraicos de Lord Byron, escritos para o amigo e cantor judeu Isaac Nathan. Seguindo o modelo da poesia sacra, Byron demonstra nelas a sua empatia e solidariedade para com a causa judaica, de um povo disperso e apátrida, ele, que foi sempre um defensor das causas dos mais desvalidos.
Na reinvenção que faz dos textos bíblicos do Antigo Testamento, Byron não ilude uma certa transgressividade da norma, e a sensualidade travestida dos seus versos conseguiu, à época, suscetibilizar as sensibilidades mais religiosas.
Concerto comentado por Paulo Ferreira de Castro
Concertos Comentados
Os concertos comentados de domingo de manhã, às 11 horas, apresentam uma programação pensada para as famílias e para todos aqueles que pretendem conhecer os segredos de uma partitura e as histórias que os compositores quiseram contar com a sua música.
Num ambiente informal, o público poderá descobrir O Carnaval dos Animais de Saint-Säens, os Carnavais para piano de Schumann, As Quatro Estações de Vivaldi (na versão de Dresden com instrumentos de sopro), a música de câmara de Joly Braga Santos, Côrte-Real e Fauré, música coral europeia dos séculos XIX e XX, bem como a estreia em Portugal de uma obra de Miguel Carvalho, escrita com recurso à Inteligência Artificial e, por último, uma viagem pelos sons imaginários e da natureza, através música para percussão de Philip Glass. – Cesário Costa
Recital de canto e piano
Pequeno Auditório
M/6
Ficha artística
Meio-soprano Ana Ferro
Barítono André Baleiro
Piano José Brandão
Programa
Fernando Lopes-Graça (1906-1994) Doze Cantos Sefardins
A la una nací yo
Noches, noches
A la nana
Arvolera, arvolera
Arvoles yoran
Cuando el rey Nimrod
Si savías, gyoya mia
Durmo la nochada
Una noche yo me armí
Morenica sos
El s’asentó
12.Un cavritico
Maurice Ravel (1875-1937) Duas melodias hebraicas
Kaddisch
L’enigme éternelle O enigma eterno
Darius Milhaud (1892-1974) Dos Poemas judaicos, op.34
Chant de forgeron Canto do ferreiro (anón.)
Chant de nourrice Canto da ama (anón.)
Maurice Ravel Dos Cantos populares
Chanson hébraïque Canção hebraica
Leonard Bernstein (1918-1990) das Árias e Barcarolas
Oif mayn Khas’neh No meu casamento (Yankev-Yitskhok Segal)
Robert Schumann (1810-1856)
Mein Herz ist schwer op.25, nº15 A minha alma está pesada (Lord Byron)
An den Mond op.95 nº2 À Lua (Lord Byron)
Hugo Wolf (1860-1903)
Sonne der Schlummerlosen Sol dos que não dormem (Lord Byron)
Keine gleicht von allen Schönen Nenhuma das filhas de Vénus (Lord Byron)
CANTOS SEFARDINS E OUTROS – CONCERTOS COMENTADOS – CCB