
Alkantara Festival | Luísa Saraiva: Bocarra
Voz, gesto e som ressoam no espaço e nos corpos como matéria viva de resistência.
Bocarra — palavra que designa uma boca muito aberta ou desmesurada — parte do repertório de canto polifónico feminino do norte de Portugal e da Galiza, onde se cantam sentimentos de amargura e se evocam violências brutais contra mulheres. Essas vozes — gritadas ou murmuradas, ritualizadas ou fragmentadas — emergem como gestos de não-conformidade e resistência.
Em cena, três intérpretes cantam, movem-se e relacionam-se com um conjunto de objetos sonoros originais. Feitos de pedra, cerâmica, plástico ou metal, estes instrumentos artesanais funcionam como extensões dos órgãos internos e da respiração, ativados por sopros, fricções e toques que amplificam o corpo.
Como num concerto, onde cada canção se impõe como protagonista, Bocarra constrói uma coreografia vocal e sensível, em que os corpos, transformados em instrumentos, produzem imagens e assombrações melódicas — gritos que ressoam como formas de resistência.
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