Tons to Tell: Objectos Perdidos + NU NO + Lena Kat
Parece fácil decrever o que se irá passar nesta noite se formos pela óptica dos CV’s individuais dos participantes. Mais do que o fazer individualmente, há que explicar o porquê das escolhas. Queremos frisar que estamos fartos da norma, fartos da previsibilidade. Começámos a odiar zonas cinzenta e gente que não se posiciona perante nada. Numa altura crítica deste mundo bélico, há que entrar por vezes em realidades paralelas. Precisamos de microdoses de Dadaísmo para rejeitar esta lógica metastizada da sociedade do imediatismo.
Nada melhor que os Objectos Perdidos para sairmos de nós, para perder a cabeça!! Projecto vanguardista criado em 1981, made in Coimbra, pensado e executado por Paulo Eno (Curto Circuito/77/Women Non-Stop), seu grande mentor, muitas vezes apoiado nesta constante Master Class por nomes como Victor Torpedo, Paulo Furtado, David Maranha ou Bernardo Devlin e também muito próximo de Rua e Lima Barreto, em projectos de video/arte/Improv (PSP/Pós-GNR) e não só . Para este “happening” estará presente outra figura incontornável e importantíssima, de Pombal e do mundo inteiro, Zappa Dada, grande musicólogo expert de vários “fluxus” artísticos do Séc XX, que acompanha quase em permanência o colectivo desde 1985. É com Eno e Dada que contaremos neste show multimédia, “The Exploding Coimbra Inevitable”. Obviamente banidos de vários eixos da cena vanguarda/improv portuguesa, há que salientar que o colectivo Objectos Perdidos não é para meninos do coro. São um atentado à moral (qual moral?). Seriam uns Fura del Baus se não tivessem em parte desaparecido do panorama institucional. Nudez, símbolos Nazis, Punk e… Merce Cunnigham, Cage, Stockhausen, Reich, Meredith Monk, Christian Marclay, Cathy Berberian, nomes que são apenas a ponta do iceberg num mar de referências. Paulo Eno é pessoa para te trancar numa casa enquanto não entenderes toda a simbologia dos movimentos contra cultura do século XX. E Zappa Dadda continua a ser o divulgador perfeito de tudo o que melhor se fez (e faz!) nos territórios do underground ou da pop subversiva. Gente da memória futura!
Nu No, ou Nuno Marques Pinto aceitou o convite prontamente dizendo: “Vamos então para essa noite dadaísta perdida!”. Ele sabe exactamente para o que vai e é isso que o caracteriza: Perspicácia. Para além de ser exímio em percorrer os caminhos da fonética, muitas vezes em contra mão, é intuítivo para ele transformar e transtornar a sua lógica discursiva, sempre numa luta entre mente e corpo e às vezes em luta com o radiotrasmissor. O seu lado performático insiste em não fazer teatro mas em ser o teatro, salvo nesta queda livre pela rede de segurança do Punk e da No Wave.
A Lena Kat foi a escolha óbvia para colar todos os cacos desta noite multivectorial. Selector desde o início dos 2000 e membro activo das festas míticas da Graveyard Thrills, é sem dúvida a sua fibra que lhe dá estofo para rodar os seus compactos de norte a sul, em ambientes nem sempre acolhedores para com as suas escolhas esquizo-frenéticas. Que se lixem aqueles que não gostam de ouvir Post Punk, Wew Wave, Goth, Synthpop, New Romantics, Minimal Wave e lamechices pelo meio, como a própria diz. Bem vinda às Damas!
**Este espectáculo poderá ferir susceptibilidades**
Entrada: 5 euros
Cartaz por Beatriz Rodrigues
Tons to Tell: Objectos Perdidos + NU NO + Lena Kat