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TABACARIA – Teatro Ibérico

TABACARIA – Teatro Ibérico

24, 25 e 26 de novembro | 21:00
27 de novembro | 17:00
Sessão com audiodescrição | 27 de novembro

Não sou nada. Nunca serei nada. Não posso querer ser nada. À parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo.
Álvaro de Campos in Tabacaria  

A partir da obra de Fernando Pessoa e continuando o processo de investigação sobre os sonhos e o acesso ao inconsciente como forma e método e alargar a consciência vimos abordar mais um texto emblemático de Álvaro de Campos. A heteronímia é um artificio literário e artístico que nos revela caminhos e abre inúmeras possibilidades acerca do que somos. Acerca do encontro com os “comigos de mim mesmo”. No poema, “Contudo, contudo”, de Álvaro de Campos, podemos ler: “(…) Eu que me aguente comigo e com os comigo de mim”. Esse desdobramento pessoano em “comigos de mim”, tal como a sua definição de “personagens literárias” remete-nos também para um efeito dramático que sobressai da sua textualidade e processo de heteronímia. Será o próprio Pessoa, em carta a João Gaspar Simões, que refere: “(…) sou um poeta dramático; tenho continuamente, em tudo quanto escrevo, a exaltação íntima do poeta e a despersonalização do dramaturgo. Voo outro — eis tudo (…)”.
O Teatro que procuramos fazer tem uma vertente de entretenimento a que com naturalidade associamos a pesquisa e divulgação do património literário português e mundial. Esse é o nosso desafio: conjugar a poesia com o teatro. Fazer um teatro onde a poesia seja a linha do horizonte que nos guia e une o céu e a terra. Este será um trabalho que parte de um convite feito ao ator e cineasta Paulo Filipe Monteiro com quem temos privado em plataformas artísticas diversas e que será um passo mais investigação sobre os métodos de atuação. Corpo e voz, espaço e performance serão os instrumentos sobre os quais focaremos a criação de Tabacaria. Este será um espetáculo que explorará e cruzará o percurso artístico dos dois criadores envolvidos e uma oportunidade para ambos aprofundarem as suas visões e poderem assim partilhá-las. O universo do texto Tabacaria lança-se sobre o leitor como uma janela que se abre em simultâneo sobre o mundo interior e o mundo exterior. É mais uma tentativa conseguida e frustre de atravessar e ligar essas duas partes de que somos feitos. O inconsciente sempre a pairar como um sonho que se mantém mesmo ali vigilante e atuante perante o estar acordado no mundo. Essas vozes e visões que nos assaltam e que hoje são conduzidas para as superfícies digitais esses ecrãs janelas que nos acompanham incessantemente. Tabacaria é o apelo da consciência que luta com essa perceção exterior e que pretende manter vivo ainda assim o sonho que chega de dentro e que envolve o ser. É essa dicotomia que pretendemos explorar, essa música das coisas, dos corpos e dos espaços que nos acenam e fazem dançar por dentro. Tomar consciência e dar consistência a esse casamento de opostos, a procura de uma utopia unificação das coisas e do mundo num instante poético e teatral.

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TABACARIA – Teatro Ibérico

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