Solidariedade, violência, esquecimento: os três tempos de Lesbos || Solidarity, violence, forgetting: the three periods of Lesbos

“Solidariedade, Violência, Esquecimento: os três tempos de Lesbos”, é uma exposição dedicada à ilha grega e à memória das migrações. Na galeria CC11@Imago, poderão encontrar uma seleção de fotos tiradas por Ana Mendes em março de 2025 na ilha grega de Lesbos, acompanhadas por textos que compõem uma cronologia de eventos desde 2015. Assinalam-se assim os dez anos desde a crise humanitária que marcaria, desde então, uma viragem no debate das migrações na União Europeia.

Lesbos, uma ilha inserida na rota migratória do Mediterrâneo Oriental, onde mais de 60% da população é descendente de refugiados, tornou-se palco mediático de um enorme fluxo migratório em 2015. Durante o “longo verão das migrações” cerca de 1.3 milhão de pedidos de asilo foram feitos na União Europeia, com mais de 400.000 pessoas, de acordo com a ACNUR, a passar por esta ilha com cerca de 86.000 habitantes.

Nesse ano foi apresentada e implementada a Agenda Europeia da Migração, tornando o campo de Moria um hotspot onde milhares viriam a aguardar pelo seu processo de asilo, limitados por uma restrição geográfica imposta pelo acordo entre a UE e a Turquia em 2016. No início de 2020, cerca de 20.000 encontravam-se nas instalações Moria, então “o maior campo de refugiados da Europa”, em condições indignas e amplamente criticadas pelas diversas organizações de direitos humanos.
Após um período de violência e confrontos na ilha, um incêndio poria fim a este longo capítulo, pressionando a Comissão Europeia para reinventar as medidas para as migrações. Surge assim, em 2020, a primeira versão do novo Pacto sobre Migração e Asilo.