
Méduse | MUSCARIUM#11
Méduse começa assim que os espetadores entram no átrio do teatro. Alguns indícios sugerem a antessala de um tribunal ou uma receção privada. O público é separado na bilheteira. Vinte oficiais, escolhidos aleatoriamente, receberão um tratamento privilegiado antes de entrarem no auditório. Os restantes espetadores serão simples marinheiros. Entre eles serão selecionados cerca de dez jurados, que se sentarão ao lado do juiz. Duzentos anos depois assistimos à reabertura do processo referente ao naufrágio da Méduse. A primeira parte do espetáculo é um julgamento. Um duelo verbal onde se procura encontrar culpados, uma resposta, uma explicação para os acontecimentos. Uma lição a retirar. É possível formular um julgamento sem se ter vivido a experiência? A partir desse questionamento, começará para o espetador a segunda parte do espetáculo. A dramaturgia desmorona-se para dar lugar à performance, à experimentação. Longe da História e das suas versões oficiais, mergulharemos com o público no abismo; vamos cair para a jangada, onde a razão se esvai e dá lugar a outras linguagens. Espetáculo duplamente premiado no Festival Impatience (Paris), em 2017, e apresentado, em 2018, no Festival d’Avignon.