Leitura & etc de textos de Sean Bonney

Sean Bonney (1969) nasceu em Brighton, cresceu no norte de Inglaterra e viveu durante 17 anos em Londres, matéria de grande parte dos seus textos. Viveu em Berlim, onde investigava na Freie Universitat Berlin e onde morreu, no dia 13 de novembro de 2019, depois do que foi descrito como “um trágico acidente”.

Para além de panfletos, plaquetes e ensaios, publicou vários livros de poesia, entre os quais Blade Pitch Control Unit, Baudelaire in English, Document: poems, diagrams, manifestos, The commons, Letters Against the Firmament, Cancer: poems after Katerina Gogou, Our Death. Poesia, vá, preferimos até evitar essa designação porque, face à “dificuldade em pensar em poemas, nestas circunstâncias”, Bonney escreveu cartas, post-its, manteve o seu blogue, fez trinta por uma linha como quem tenta, empurra, assobia, ruge.

12 de novembro foi o último dia em que esteve vivo,

vamos ler o que sobrou, como se acendêssemos um fósforo.

“Mas enfim, mudei por completo o meu método. Há uns tempos pus-me a matutar numa poesia que só o inimigo pudesse entender.

Ambos sabemos o que isso significa.

Entretanto, e talvez tenha sido naquela noite de março, em que vagueava para os lados de Picadilly, a ver os incêndios, a minha perspectiva sobre a questão, mudou. Os gemidos poéticos deste século têm sido, na sua maior parte, uma patine banal de vaidade, snobismo e sofística: precisamos de uma nova prosódia e, embora não tenha grandes dúvidas de que um motim, por si só, não serve o propósito, parece-me certo que a tua recusa de abandonar a sala de seminário, essa, não serve de todo.” S.B.

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