KREATOR – ALTICE ARENA – SALA TEJO
Indefetíveis porta-estandartes do thrash teutónico, os KREATOR regressam a Portugal para um há muito ansiado concerto em nome próprio.
Contando já com mais de quatro décadas de carreira, os lendários KREATOR mantêm a sua posição como uma das mais influentes e bem-sucedidas bandas saídas do fenómeno thrash. Desde que se deram a conhecer ao mundo, o carismático Mille Petrozza e os seus companheiros mantiveram-se resilientes e irredutivelmente fiéis às suas convicções, nunca abrindo mão da atitude feroz que os empolgava na adolescência.
Por esta altura, Mille Petrozza e os seus KREATOR são muito bem conhecidos do público nacional, tendo construído uma relação sólida e bastante próxima dos portugueses desde que, nos idos de 1993, se estrearam por cá num marcante concerto no Armazém 22, em Lisboa. Quando chegou ao nosso país pela primeira vez, o quarteto – que fica hoje completo com Ventor na bateria, Frédéric Leclercq no baixo e Sami Yli-Sirniö na segunda guitarra – já era uma figura de proa do speed/thrash germânico, parte de um triunvirato demolidor que incluía também os Destruction e Sodom. Hoje, mantêm-se como uma das faces mais reconhecidas do movimento thrash europeu.
Porta-estandartes da tendência em território germânico, os KREATOR surgiram no início dos anos 80 e, ao longo da década seguinte, estabeleceram-se como um dos nomes mais influentes da sua geração graças a uma sequência de clássicos intemporais – e seminais! – composta por «Endless Pain», «Pleasure To Kill», «Terrible Certainty» e «Extreme Agression». Combinando o extremismo inerente ao estilo musical que os caracteriza com uma implacabilidade mordaz – espelhada em letras fortemente politizadas que têm uma clara tendência para apontar o dedo e não se furtarem a expor assuntos controversos – a banda de Essen não só sobreviveu incólume aos anos 90 como acabou por influenciar todas as gerações vindouras interessadas em replicar o seu génio violento.
Pelo caminho, mantiveram-se sempre persistentes e uma força imparável ao longo de uma carreira que, por esta altura, já ultrapassou a marca das quatro décadas, assinando verdadeiras declarações de vitalidade com os registos mais recentes, de que são ótimos exemplos «Phantom Antichrist», «Gods Of Violence» ou «Hate Über Alles». Este último, já o 15º registo de originais num fundo de catálogo irrepreensível, prova que continuam a ser extraordinariamente inovadores e a estar um largo passo à frente de toda competição,
sempre prontos a apresentar novas ideias e a tratar de si mesmos e dos seus fãs com a maior honestidade possível.
Os bilhetes para o concerto custam 30€.
Horários
Abertura Portas: 20h00
Início do espetáculo: 21h00
BIOGRAFIA KREATOR
Originalmente chamados Tyrant, e depois Tormentor, os KREATOR foram fundados em 1982 pelo vocalista/guitarrista Mille Petrozza, pelo baixista Rob Fioretti e pelo baterista Jürgen Reil (mais conhecido como Ventor) em Essen, na Alemanha. As suas duas primeiras maquetas, intituladas «Blitzkrieg» e «End Of The World», alcançaram milhares de fãs de heavy metal que participavam na movimentada rede de tape trading da época e o boca a boca positivo atraiu a atenção da Noise Records, que assinou um contrato com os recém-renomeados KREATOR e os colocou de imediato a trabalhar no seu primeiro álbum. Gravada em apenas dez dias nos Musiclab Studios, em Berlim, a estreia «Endless Pain» chegou em 1985 e, com o seu thrash cru, tomou de assalto o underground. Depois de uma pequena digressão, os músicos voltaram ao estúdio e, desta vez com o produtor Harris Johns, gravaram o segundo LP, «Pleasure To Kill».
Lançado em 1986 e considerado o primeiro “clássico” da banda, o disco elevou os níveis com mais diversidade de tempos e maior atenção à execução técnica, sem perder absolutamente nada em termos de ferocidade ou velocidade. A banda encerrou o ano com o EP «Flag of Hate»e não havia dúvida de que, ao lado dos Celtic Frost, os KREATOR se estavam a tornar rapidamente os principais competidores europeus do metal extremo. Gravado no Horus Studios, na cidade de Hanover, com o produtor inglês Roy Rowland, «Terrible Certainty», de 1987, não fez nada para diminuir essa perceção, já que, pela primeira vez, Petrozza e companhia tiveram um pouco mais de tempo para trabalhar nas músicas antecipadamente. A tour subsequente estabeleceu ainda mais a reputação dos músicos como guerreiros da estrada, viu-os reforçarem as suas fileiras com o guitarrista Jörge Trebziatowski e deu origem a mais um EP, intitulado «Out Of The Dark, Into The Light», lançado em Agosto de 1988.
Nesse ponto, todos os sinais sugeriam que os KREATOR estavam prestes a dar um grande salto e, quando a Noise fechou um acordo com a gigante Epic para distribuição em grande escala nos Estados Unidos, Petrozza sabia que esta seria a sua melhor oportunidade de levar a banda para o outro lado do Atlântico. Reunindo todas as energias criativas e aprimorando a composição, liderou o grupo para os estúdios Music Grinder, em Los Angeles, e colaborou com o produtor Randy Burns na criação de «Extreme Agression», outro marco da história do thrash. Com os clips do tema-título e da venenosa «Betrayer» a receberem exposição no Headbangers Ball da MTV, o disco acabou por transformar-se no maior sucesso comercial da banda até então, e a digressão norte-americana com os Suicidal Tendencies, que marcou a estreia da banda com o guitarrista Frank “Blackfire” Gosdzik, apresentouos a um público novo.
Procurando capitalizar o momento, a Noise apressou-os de volta ao estúdio para criarem mais um álbum e o «Coma Of Souls» foi lançado em Outubro de 1990. Concebido claramente mais à pressa, o LP sofreu das circunstâncias menos favoráveis em que foi criado e, numa altura em que o thrash já revelava sinais de cansaço, os porta-estandartes da tendência viram-se confrontados com uma escolha difícil: evoluir ou morrer. Lançado em 1992, o apropriadamente intitulado «Renewal» deu um proverbial passo ao lado e mostrou os KREATOR a experimentarem com a brutalidade do death metal e a frieza da música industrial mais extrema. O desempenho dececionante do disco e os exaustivos compromissos ao vivo deixaram os músicos física e criativamente esgotados, levando Petrozza a anunciar uma pausa prolongada para recuperarem.
Este silêncio só foi quebrado três anos depois com «Cause For Conflict», de 1995. Longe de ser um retorno bem-sucedido às origens, o disco voltou a mostrar uns KREATOR confusos e sem inspiração – fora de sintonia com as tendências do metal da época e, certamente, traumatizados pelas saídas de Fioretti e Ventor. A tentar remediar esta situação delicada, Petrozza chamou Tommy Vetterli, exguitarrista dos suíços Coroner, para o ajudar a guiar o coletivo para territórios desconhecidos. «Outcast» e «Endorama» mostraram-nos a seguir ritmos mais lentos e, afastando-se cada vez mais do thrash, a experimentarem com elementos góticos e até ambientais. Embora tenham recebido críticas positivas e sinalizado o retorno de Ventor, nenhum deles conseguiu reacender a carreira da banda.
Após a partida de Vetterli e a assinatura de um novo contrato com a SPV, os KREATOR deram por fim início ao seu renascimento. Petrozza comprometeu-se novamente com o thrash e, depois de contratar o guitarrista finlandês Sami Yli-Sirnio, começou a escrever o seu LP mais forte em muitos anos. «Violent Revolution», de 2001, inspirou a digressão mais abrangente e extensa que tinham feito até então e reestabeleceu o grupo como um dos principais nomes do thrash – um feito que foi celebrado com «Live Kreation/Revisioned Glory», o primeiro disco ao vivo. Seguiram-se o tematicamente semelhante «Enemy Of God» e um devastador «Hordes of Chaos», de 2005 e 2009, respet7ivamente. Já em 2010, assinaram com a Nuclear Blast antes de embarcarem numa tour de 25º aniversário pela América do Norte.
O primeiro álbum lançado pela nova editora foi «Phantom Antichrist» de 2012, que os mostrou em ótima forma e atingiu um enorme sucesso comercial na Alemanha, chegando ao #5 das tabelas de vendas – a melhor posição até então no seu país natal. Famintos por estrada, Mille e companhia promoveram o disco com mais uma tour, que culminou num espetáculo explosivo e esgotado em Oberhausen, diante de uma plateia repleta de fãs fervorosos, captado para memória futura em «Dying Alive». Por esta altura estava mais que provado que ainda havia público para os KREATOR, mas o 14º álbum de estúdio, «Gods Of Violence», só seria lançado em 2017, marcando o fim do maior hiato entre gravações na história da banda. Já em 2022 foi lançado «Hate Über Alles», que alcançou os tops em mais de uma dúzia de países e marcou a estreia da banda com o baixista Frédéric Leclercq. Em 2023, os músicos juntaram-se aos Lamb of God no single «State Of Unrest», antes de darem o pontapé de saída para uma digressão europeia com o mesmo nome.
KREATOR – ALTICE ARENA – SALA TEJO