
João Cutileiro
Sem ensejo historiografico, a exposição de João Cutileiro, na Appleton, reúne sobretudo obras de inicio de carreira do escultor (pré-mármore), grande parte delas inéditas (ou, de um modo ou de outro, em relativo anonimato). Não se tratando propriamente de um levantamento daquilo que na obra do artista teve lugar em Londres entre 1955 e 1969, esta exposição inclui um conjunto de trabalhos desenvolvidos ao longo desta primeira (e de outras) fases, que dificilmente se integram no universo (ou na ideia totalizante) do trabalho de João Cutileiro. Sempre tão plural, extenso e diverso: sempre tantas coisas e nunca apenas uma só.
Túmulos, figuras mortas, esqueletos, gárgulas; ferro, gesso, fibra de vidro, bronze. Por sorte que as obras aqui apresentadas sejam, antes de tudo o mais, catalisadoras (com corpo) de exame próprio: da finitude e esquecimento; da morte e do fúnebre; da carne e da ferida; do nó e da fenda. Obras portanto ostensivas e disposicionais; possíveis, quiçá, frutos de espanto, a mais epistémica das nossas disposições.