FILHO DA MÃE | TERRA DORMENTE
O regresso de Filho da Mãe é uma conquista. Primeiro, para ele próprio; depois, para todos nós, que o esperávamos há demasiado tempo. Atravessando desassossegado uma pandemia transformada em túnel sem saída aparente, a luz que foi cintilando no seu fim nem sempre correspondeu à realidade, acabando por se misturar com várias ficções, adicionando tormentos, dúvidas e incertezas. Foi justamente esta falta de discernimento do que é ou não real que acabou por servir de inspiração, uma incerteza que se multiplicou na hipótese bem credível de vários discos editados, entre o anjo acústico e o demónio elétrico, entre rascunhos no Alentejo e mais rascunhos em Lisboa, feita de palavras com duplo sentido dedilhadas durante horas sem fim. Inevitavelmente, a espera tornou-se numa obrigação, como uma peregrinação necessária. Rui confessou-nos que o adiamento foi a melhor opção, para que saísse vivo desse tal túnel e criar, da dor e do tempo, a música que Filho da Mãe precisou de fazer.
FILHO DA MÃE | TERRA DORMENTE – Culturgest