Fanga – Versão C
Depois da apresentação do espetáculo, em dezembro em Lisboa e em início de fevereiro no Porto, a Karnart volta a casa, ao GCK, para estrear uma versão duracional de Fanga.
Desde os primeiros anos de atividade criativa, a literatura portuguesa tem estado recorrentemente presente no percurso singular da Karnart – recordem-se Húmus, Ilhas e A Farsa, a partir de Raul Brandão; Satirotic, incursão numa seleção de poemas da Antologia de poesia portuguesa erótica e satírica, organizada por Natália Correia; ou António Marinheiro e Pecado, ambos a partir do teatro de Bernardo Santareno. Dizemos “singular” porque, um espetáculo da Karnart é muito mais do que uma experiência de teatro. Aliás, a evolução do conceito que marca o campo de pesquisa artística da Karnart, o perfinst (cruzamento entre a performance e a instalação) tem vindo a aproximar cada vez mais as criações da estrutura liderada por Luís Castro e Vel Z das artes visuais.
Em Fanga, a Karnart prossegue a pesquisa partindo do romance homónimo de Alves Redol e das gravuras com que Manuel Ribeiro de Pavia ilustrou a edição da obra de 1948 (a primeira edição data de 1943). Reunindo em cena “cinco intérpretes de áreas artísticas diversas” (Paula Só, Inês Vaz, Daniel Moutinho, Nuno Veiga e Valentina Parravicini), Luís Castro destaca a premência de Fanga, “obra que ecoa temáticas como as violências doméstica e de género, o assédio sexual, a exploração de classes, a pobreza, a iliteracia, desafortunadamente ainda tão atuais na sociedade portuguesa dos nossos dias.” [texto: Frederico Bernardino/Agenda Cultural de Lisboa, dezembro 2023]
Ficha técnica:
KARNART. Alves Redol, texto; Luís Castro, conceito, dramaturgia, direção, narração e instalação.