Descolonizar a descolonização

No filme de 1963, Sembène, considerado o pai do cinema africano, retrata um dia na vida de um condutor de carroças em Dakar, no Senegal. O seu percurso sublinha a separação da cidade entre os espaços pobres e os condomínios fechados, e as consequências da sua transgressão ao atravessar a fronteira que os divide.

Através de um minimalismo formal com várias camadas de complexidade, revela-se a violência estrutural urbana, estabelecida e consolidada através das relações coloniais de classe e de género que perduram no período pós-independência do Senegal.

Philip Cartelli, cuja pesquisa e prática artística incidem sobre a antropologia da imagem, e Samir Gandesha, que tem escrito sobre os regimes autoritários contemporâneos, juntam-se para uma conversa sobre os temas que o filme levanta.

Imagem: Still do filme «Borom Sarret» (1963), de Ousmane Sembène