Concerto de Fado com Ioana Dichiseanu na Casa-Museu Amália Rodrigues
O ICR Lisboa, em colaboração com a Fundação Amália Rodrigues, organiza um concerto de fado na interpretação da artista romena Ioana Dichiseanu, acompanhada pelos artistas portugueses: António Neto (guitarra clássica) e Luís Coelho (guitarra portuguesa).
O evento terá lugar na Casa-Museu Amália Rodrigues, Lisboa, no dia 29 de junho de 2023, às 18h30.
O concerto é, simultaneamente, uma homenagem ao fado de Amália Rodrigues e à saudade. A palavra portuguesa “saudade” significa “dor” em romeno, por conseguinte, tanto os romenos como os portugueses partilham o significado profundo deste sentimento.
O repertório foi especialmente escolhido pela artista Ioana Dichiseanu, como uma evocação da personalidade de Amália Rodrigues. Ao mesmo tempo, a artista irá oferecer ao público português uma peça da conhecida cantora romena Maria Tănase.
Ioana Dichiseanu licenciou-se em Realização pela Universidade de Teatro e Cinema. A artista considera o fado a sua fé. Herdeira artística do lendário ator romeno Ion Dichiseanu e de uma das vozes de ouro da Roménia, Simona Florescu, Ioana Dichiseanu encontrou no fado o sentido da vida artística. “Nada é por acaso! Em tudo há uma obra da Divindade. Depois de gravar as canções do meu primeiro álbum de fado, encontrei, surpreendentemente, entre as memórias do meu pai, uma fotografia de 1975 em que ele aparece com a “Deusa do fado”, Amália Rodrigues”. Ioana Dichiseanu conta que o seu pai, Ion Dichiseanu, confessou, no seu livro, que os dois tiveram um encontro em Lisboa, na casa que hoje alberga o Museu Amália Rodrigues, e que, antes da refeição, Amália Rodrigues convidou-o para um aperitivo: “Ofereceu-me dois discos com dedicatória e durante toda a refeição ouvi música interpretada por ela. Uma voz de ouro… Era uma mulher sensível, atenta, amigável. Era um misto de cordialidade, de requinte que emanava de cada gesto, de cada palavra dela. Na despedida, ela agradeceu-me por lhe ter honrado a casa com a minha presença.”
Nas palavras da artista romena “o fado flui dos céus e nele encontra-se tanto o recomeço de cada nascer do sol quanto os silêncios da criação no pôr do sol”. Através da interpretação penetrante das canções de Amália Rodrigues, Mariza ou Ana Moura, Ioana Dichiseanu pede emprestada a alma portuguesa e oferece-a generosamente ao público da Roménia e não só. A artista romena ganhou o apreço o do público com as suas inúmeras aparições nos canais de televisão da Roménia. Pela voz de Ioana Dichiseanu, o fado ressoa do extremo oeste da Europa continental, desde as costas do Atlântico até às portas orientais da Europa.
António Neto entrou na Academia dos Amadores de Música de Lisboa aos 15 anos, onde estudou guitarra clássica durante quatro anos. Após esta formação integrou diversas bandas de pop e jazz acompanhando também alguns fadistas. Dedicou-se ao fado a tempo inteiro passando então a tocar em clubes e casas de fado. Entre 2001-2008 foi convidado por Mariza para a acompanhar em concertos. Após esta colaboração, passou a tocar para vários fadistas, principalmente para Carla Pires desde 2008.
Luís Coelho nasceu em Lisboa, a 6 de dezembro de 1983, tendo dado os seus primeiros passos na Guitarra Portuguesa pela mão do seu pai, guitarrista amador. Depois dos 19 anos iniciou os seus estudos na Escola de Música do Conservatório Nacional com o Professor e guitarrista João Torre do Valle. Mais tarde, ingressou na Escola do Museu do Fado, onde teve aulas com o Mestre António Parreira. Tirou a sua licenciatura pela Escola Superior de Artes Aplicadas de Castelo Branco (ESART) na vertente de instrumento (Guitarra Potuguesa) e, posteriormente, o Mestrado em Performance de Instrumento, também na ESART, onde teve como professor o Mestre Custódio Castelo. Em 2013 fundou com Ivo Yves Vieira a escola de música “Lusomusic”. O caminho de Luís Coelho pauta-se pelo Fado e por novas abordagens à dança e música popular portuguesa. Em 2021 editou, pela Museu do Fado Discos, o seu primeiro disco instrumental a solo, “Contos de Cordas”, onde junta as cordas da guitarra portuguesa, às da harpa e do contrabaixo, num projeto integralmente da sua autoria. O disco conta com um concerto de apresentação a 15 de julho de 2021, no Auditório do Museu do Fado e outro a 17 de setembro do mesmo ano, no Centro Cultural de Belém.