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Apresentação de La Fin des Nuages do Mathieu Simonet, em conversa com Tiago Bartolomeu Costa

Pode-se controlar a chuva?Esta era a pergunta que Mathieu Simonet e o seu companheiro Benoît, organizador de um festival de música ao ar livre, se faziam todos os anos. Na véspera da abertura, observavam atentamente as previsões meteorológicas, na esperança de ver anunciado um céu sem nuvens.

É também a questão sobre a qual cientistas trabalham há décadas. Hoje, muitos países tentam semear as nuvens para as controlar, fazer chover ou evitar o granizo, criar uma arma de guerra ou garantir um céu azul.

Estas pesquisas têm consequências geopolíticas, sanitárias e ambientais. E levantam uma questão fundamental: a quem pertencem as nuvens?

Mathieu Simonet apaixonou-se por este tema, que se cruzou de forma inesperada com a sua grande história de amor, interrompida pela morte do seu companheiro. Esta investigação íntima sobre a manipulação das nuvens lança luz sobre um fenómeno com uma dimensão simultaneamente poética e política.

Mathieu Simonet é um escritor. É autor de sete romances autobiográficos e de um documentário sobre a sua amiga de infância que perdeu a visão.Há mais de 20 anos que cria “dispositivos” para levar o maior número possível de pessoas a sentir que têm o direito de escrever e organiza ateliers de escrita para um público muito variado (estudantes, alunos, reclusos, etc.). O seu trabalho, que se situa na fronteira entre a literatura e a arte performativa, foi apresentado em museus, universidades, empresas, hospitais, prisões e espaços públicos. No seu último livro, La Fin des nuages (Julliard, 2023), o antigo advogado mistura relatos íntimos, climatologia e história, e defende o reconhecimento das nuvens como uma entidade jurídica.

Tiago Bartolomeu Costa é um crítico, investigador, programador e gestor cultural português. Fundou e dirigiu a publicação Obscena – Revista de Artes Performativas e colaborou com a secção de cultura do jornal PÚBLICO. É autor de Tiago Guedes: valse à six temps (Centre Pompidou-Metz, 2011) e de O Cego que Atravessou Montanhas: conversas com Luís Miguel Cintra (Orfeu Negro, 2016), e comissariou varios ciclos de debate de ideias. Foi também consultor de programação para o Théâtre de la Ville de Paris, e coordenador do projeto FILMar para a Cinemateca Portuguesa – Museu do Cinema (2021-2024).