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À volta da Chama: uma conversa para celebrar o lançamento da revista Chama Rubra — Issue 01 Twinkle Twinkle

A conversa “À volta da Chama” assinala o lançamento da Chama Rubra, uma revista independente de arte e cultura contemporânea que nasce da necessidade de criar um espaço de criação acessível, inclusivo e sem portas fechadas. Reunimos Camis , Inês Faráh Gomes, Lune Rodas e Marta Costa, artistas e autores desta edição, para uma conversa aberta sobre os trabalhos que nela apresentam. Falaremos sobre a Luz, processos criativos, comunidade e tudo aquilo para onde a Chama nos levar. A conversa será mediada pelas duas editoras e fundadoras da revista, Laurinda Branquinho e Maria Miguel Café.

A Chama Rubra nasce como um projeto editorial dedicado a expandir a forma como a arte e a cultura visual são pensadas, vividas e sentidas hoje, repensando o papel tradicional da revista no presente. Explora formatos híbridos que cruzam texto, imagem e pensamento crítico com práticas artísticas emergentes. O projeto assume um compromisso claro com a diversidade e a inclusão, dando visibilidade a artistas sub-representados no contexto português.

A revista reúne ensaios, poemas, prosa poética, editoriais de moda, contos, projetos visuais, fotografia, ilustração, pintura e vídeo. Parte da ideia das revistas populares dos anos 2000 — como a Bravo ou a Super Pop — que marcaram o imaginário das crianças e adolescente dessa geração. Recupera essa estética como gesto político e cultural, com o objetivo de criar um sentido de pertença, reinstalar o prazer de folhear, colecionar e reconhecer-se numa publicação. A Chama Rubra defende que a arte e a cultura contemporânea devem ser acessíveis a todas as pessoas, e que essa acessibilidade é urgente.

A primeira edição, Twinkle Twinkle, parte do tema Luz — enquanto fenómeno físico, metáfora pessoal e signo cultural. Organizada em sete capítulos, a revista atravessa dimensões mitológicas, tecnológicas, afetivas e sensoriais, explorando como a luz molda a perceção, a memória, o desejo e a relação que criamos com o mundo. A Luz foi escolhida para esta estreia pela sua pluralidade, acessibilidade e por ser uma experiência comum a todos.

Na sua multiplicidade, a luz torna-se espelho das nossas tensões mais profundas: entre o que mostramos e o que escondemos, entre o que nos aproxima e o que nos consome. Por vezes, chega até nós a ferro e fogo, forçando-nos a confrontar aquilo que permanece oculto nas sombras. Esta edição da Chama Rubra é, por isso, uma tentativa de mapear este percurso com a consciência de que onde há luz, há sempre escuridão, e isso não é necessariamente algo mau, mas parte do equilíbrio e da experiência de ser humano.

A capa da primeira edição é protagonizada por Mariela, jovem cantora em ascensão no panorama musical português, simbolizando o espírito de novas vozes que a Chama Rubra procura dar visibilidade. A escolha de Mariela reflete o compromisso da revista com artistas emergentes e a celebração de talentos que ainda não ocupam os espaços centrais da cultura contemporânea.

Este evento celebra o trabalho coletivo de mais de 30 criativos de diferentes áreas que tornaram a revista possível.

Sobre:
A Chama Rubra é um projeto editorial da Associação Chama Rubra, que nasce com a missão de criar um espaço alternativo, inclusivo e interseccional para a produção cultural e artística. A revista nasce da urgência em dar visibilidade e apoio a artistas emergentes marginalizados em Portugal. Mulheres, pessoas LGBTQIA+, racializadas, neurodivergentes e com deficiência enfrentam barreiras estruturais que limitam a sua expressão e acesso ao mercado artístico. O projeto surge como um manifesto pela inclusão e democratização da arte, propondo-se a ser mais que uma revista: uma plataforma híbrida, dinâmica e acessível.
O nome Chama Rubra carrega o simbolismo do fogo, significando transformação, resistência e paixão. E traduz a essência do nosso projeto: um espaço de expressão radical, livre e profundamente necessário.

Biografias:

Camis (Lisboa, 1995) é estrategista independente, pesquisadora em políticas sociais (ISCSP -UL), escritora e curadora cultural. Atua entre o Brasil e Portugal, desenvolvendo projetos interseccionais sobre migração, cultura, gênero e justiça social. A sua prática combina pesquisa, escrita e criação coletiva. Atravessada pela escuta, pelo afeto e pela insistência em imaginar futuros possíveis. Gosta de criar mapas, playlists e narrativas em trânsito.

Inês Faráh Gomes (Caldas da Rainha, 1999) licenciou-se em Artes Visuais e Multimédia pela Universidade de Évora (2020) e tornou-se mestre em Design e Cultura Visual no IADE (2022). Fárah colaborou como designer gráfica com várias entidades culturais: Museu José Malhoa (2023) e Doclisboa (2023). Participou em várias feiras de publicações independentes enquanto ilustradora. Recentemente Inês Faráh apresentou o seu trabalho artístico a solo na Stolen Books (2025) e participou em exposições coletivas no Buraco (2025) e na Irmã Feia (2023).

Lune Rodas (Lisboa, 1999) é artista multidisciplinar e escritore. Estudou na ESAD nas Caldas da Rainha. Debruça-se principalmente sobre a investigação de género, a infância, e a visceralidade da experiência feminina, contos, poesia e refazer o tecido subconsciente coletivo através do poder do ritual e dos símbolos.

Marta Costa (Lisboa, 1995) é artista visual e fotógrafa. Estudou na António Arroio, formando-se em Realização Plástica do Espetáculo, Som e Imagem nas ESAD.CR e Arte Multimédia na Faculdade de Belas-Artes de Lisboa. Desenvolve vários projetos relacionados com a identidade, o conceito de diário e como este se contrapõe com a experiência feminina; assim como photoshoots conceptuais e a procura de representar a beleza no mundano.

Laurinda Branquinho (Alvor, 1996) e Maria Miguel Café (Portimão, 1997) são as fundadoras da Chama Rubra. Com percursos complementares no meio artístico e cultural, ambas trazem uma sólida experiência em criação, curadoria, design e investigação. Laurinda Branquinho é artista, curadora e investigadora de arte contemporânea, com prática centrada na curadoria digital e na mediação cultural. Maria Miguel Café é artista multidisciplinar e web designer, explorando temas de memória, arquivo e identidade em suportes como performance, instalação e vídeo. Em conjunto, têm desenvolvido um trabalho de investigação sobre o panorama artístico em Portugal, com base em metodologias de Design Thinking, que sustenta a visão crítica e colaborativa da Chama Rubra.

Data

12 Dez 2025

Hora

19:00 - 21:00

Localização

Greta Livraria
Rua Palmira 66C, Lisboa