A SEARA NOVA e os debates contemporâneos
A SEARA NOVA e os debates contemporâneos
APRESENTAÇÃO | 17 abr. ’24 | 17h30-19h30 | Auditório | Entrada livre
Mais do que uma revista, a Seara Nova foi um movimento cívico-cultural, no qual a intervenção dos intelectuais era decisiva para a formação de uma opinião pública esclarecida, cosmopolita e aberta ao espírito crítico.
Após a implantação da Ditadura Nacional (1928-1933) e a consolidação do Estado Novo (1933-1974), a Seara Nova transformou-se no principal periódico de oposição democrática ao regime de Salazar. Ao longo de meio século, a revista, através do pensamento dos seus colaboradores, desempenhou um papel central na reflexão e crítica do liberalismo republicano da década de 1920, na oposição à consolidação do Estado Novo, na resistência cívica nas décadas de 40 e 50 do século passado e na renovação doutrinária da esquerda portuguesa e na sua afirmação política e cultural nos anos de 1960 e 1970 até à queda da ditadura e à subsequente reorganização da vida política e intelectual portuguesa.
Para além da atividade editorial, o grupo da Seara Nova promoveu colóquios e debates, sempre com o propósito de estudar e investigar a realidade portuguesa e esclarecer o público, mantendo uma assídua e relevante presença na vida cultural portuguesa. Daí o título dado ao simpósio, organizado pelo polo da Universidade de Évora do Instituto de História Contemporânea: A Seara Nova e os debates contemporâneos (2021), cujas atas se reúnem no presente volume.
Como afirmam os organizadores/editores do livro, Augusto Fitas e João Príncipe, na contracapa deste volume: “Os debates que ocorrem no âmbito da Seara Nova são de tipo vario e de classificação global difícil, pela variedade de estilos pessoais, pela mescla entre puros argumentos, recursos retóricos e intenções explícitas e dissimuladas. Em geral, têm como ponto de partida a crítica de teses, obras ou acções socialmente relevantes de indivíduos vivos ou de movimentos sociais. Neles, por regras, intervêm interlocutores que usam púlpitos diversos, sendo a polémica entre dois contendores o caso mais típico. Eles vão desde a pura crítica de ideias – como na crítica que Raul Proença faz ao volume de Ensaios de [António] Sérgio em 1921 (n.º 3 de 20.11.1921), denunciando o modo como este caricatura o movimento romântico — até ao ‘diálogo de surdos’, que pode ser civilizado – como nas discussões sobre o valor da teoria da relatividade que envolveram o Almirante Gago Coutinho — ou que pode chegar ao extremo das emoções toldarem temporariamente o discernimento — como na inesperada polémica entre Abel Salazar e António Sérgio (…) [até aos] debates entre seareiros e integralistas durante a República (por exemplo nas polémicas de Raul Proença e de António Sérgio com Martinho Nobre de Mello).”