A RUIVA
É curioso porque esse impulso, esse animal, essa força interior que nos leva a procurar a liberdade continua muito presente hoje. Um animal levanta-se em todos nós de formas diferentes e todos nós lidamos com eles de maneira diferente ao longo da nossa vida (…) -João Garcia Miguel
A Ruiva simboliza muitas outras figuras, sobretudo femininas, que transmitem essa ideia de que há algo em nós que nos conduz a um animal interior, a uma força de fogo, a uma força ruiva, que nos impele à liberdade. Esse ‘algo’ é o corpo. A forma como o usamos e deixamos usar condiciona-o enquanto instrumento de poder. E levá-lo ao limite, à falência, à morte, pode significar ultrapassar os limites da própria cultura e ordem social vigentes.
Através dela abordamos, a um só tempo, matérias ancestrais e profundamente atuais: a dicotomia feminino-masculino, as relações de poder que tendemos a exercer uns sobre os outros e a forma como, agora e no passado, escolhemos equilibrar os princípios socialmente aceites com a nossa busca interior por liberdade.