
A DESCIDA PARA AS CINZAS
A DESCIDA PARA AS CINZAS – CC Olga Cadaval
Uma mulher viúva, cujos filhos vivem longe, confronta-se com os efeitos devastadores da solidão. A sua mente e a casa formam um todo que se degrada e cujas partes se afetam mutuamente. O edifício que ameaça ruína é, ao mesmo tempo, o lugar objetivo que ela habita e o lugar subjetivo da sua memória. O apelo aos filhos, feito através do telefone, assume a fórmula neurótica da chantagem não assumida cuja finalidade consiste apenas em criar mal-estar no interlocutor. No decorrer do monólogo, o passado vai irrompendo como única fonte de consolação e impõe-se sobre a realidade. A mulher fala com os filhos como se eles estivessem presentes e fossem ainda crianças. Perdendo as coordenadas do tempo, mas não as do lugar que conteve inteiramente a sua vida, avança num processo de loucura que só terminará na sua morte.
A DESCIDA PARA AS CINZAS – CC Olga Cadaval