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Leitura integrado no Ciclo de Conferências ‘A Árvore’ do Programa Saber Mais - Conhecer Melhor, do Instituto de Altos Estudos da Academia das Ciências de Lisboa

Leitura ESCRITA EPISTOLAR pela Malvada Associação Artística

LEITURA ESCRITA EPISTOLAR

Malvada Associação Artística

Criação  Ana Luena & José Miguel Soares

 

7 JUN 2023, 18h

Aula Maynense, da Academia das Ciências de Lisboa

 

Leitura integrado no Ciclo de Conferências ‘A Árvore’ do Programa Saber Mais – Conhecer Melhor, do Instituto de Altos Estudos da Academia das Ciências de Lisboa

 

É desolador que a terra seja hoje tão cruelmente explorada e apartada do ser humano. Como nos (re)conheceremos se já não soubermos o que a terra é, o seu cheiro, a sua textura ou simplesmente de onde vem a brisa que nos afagou agora mesmo o rosto? De forma cada vez mais avassaladora a terra e as plantas são concebidas apenas como uma fonte de recursos, de extração de riqueza, como sinónimo de produtividade e (na melhor das hipóteses) de sustentabilidade num sentido meramente utilitarista, seja como fonte de alimento, materiais construtivos, oxigénio, sombra ou controle climático. A agricultura intensiva, as linhas que invadem as regiões mais esquecidas do interior do nosso País, onde a Malvada tem a sua residência, são a imagem de uma visão mercantilista da natureza e da cultura. Um mundo vivido na vertigem da aceleração, sem o tempo demorado, o da contemplação, sem o conhecimento do outro, do diferente, um mundo em que nunca tivemos tanta possibilidade de comunicação, mas que nunca tivemos tão pouca comunidade. Comunicação sem comunidade. Estaremos a chegar ao fim de uma época? Estaremos a chegar a um ponto de ruptura do sistema democrático, do liberalismo, do capitalismo, do antropoceno, do mundo como o conhecemos? 

A ESCRITA EPISTOLAR, projeto com criação de Ana Luena & José Miguel Soares, envolveu a troca de cartas entre os autores Ana Luena, Filipa Leal, Joana Bértholo e Tiago Alves Costa, na qual se explorou o tempo demorado na espera da resposta e a construção de um texto que partiu da partilha de ideias, experiências sensoriais e narrativas trocadas no ato performativo de correspondência por correio. Esta troca de cartas iniciou-se em abril de 2022 após uma residência de criação na Antiga Escola Primária dos Canaviais, onde a Malvada tem a sua residência, e terminou em agosto de 2022. 

A convite do Instituto dos Altos Estudos da Academia das Ciências de Lisboa, a Malvada apresenta a Leitura da ESCRITA EPISTOLAR, um momento de partilha deste texto com características rizomáticas. A leitura do acervo de cartas contará com a projeção de fotografias da autoria de José Miguel Soares, com interpretação das autoras Ana Luena e Filipa Leal, e dos atores Helena Baronet e Nuno Nolasco. Estimula-se uma conversa com o público sobre os temas versados e o processo, com autores, intérpretes e criadores do projeto, no final da sessão oferece-se um beberete no Claustro da Academia das Ciências de Lisboa.

A ESCRITA EPISTOLAR é uma criação integrada no projeto de cruzamento disciplinar de religação à natureza PLANTA, ao longo do qual também se apresentou a exposição fotográfica ENTRE e o espetáculo de teatro APNEIA, interligados num processo de inteligência distribuída similar ao das plantas. Em PLANTA explora-se a estética de jardim do tempo, experienciando a noção da cultura japonesa de “Ma” – o espaço intermediário, a suspensão, um vazio que não remete à ausência de algo mas que existe como possibilidade em potência.

 

Criação ANA LUENA & JOSÉ MIGUEL SOARES Cartas originais de ANA LUENA, FILIPA LEAL, JOANA BÉRTHOLO, TIAGO ALVES COSTA Interpretação e leituras de ANA LUENA, FILIPA LEAL, HELENA BARONET, NUNO NOLASCO Assistência de produção BEATRIZ OURIQUE Design gráfico JOANA AREAL Coprodução MUNICÍPIO DE ÉVORA, TEATRO MUNICIPAL DE BRAGANÇA, TEATRO MUNICIPAL DE VILA REAL Parceiros INSTITUTO DE ALTOS ESTUDOS DA ACADEMIA DAS CIÊNCIAS DE LISBOA, DIREÇÃO-GERAL DO PATRIMÓNIO CULTURAL – MUSEU NACIONAL FREI MANUEL DO CENÁCULO, Residência de coprodução O ESPAÇO DO TEMPO Mecenato GAMA UNO Cofinanciado por ALENTEJO 2020, PORTUGAL 2020, FUNDO SOCIAL EUROPEU, UNIÃO EUROPEIA, IEFP, COMPETE

A Malvada Associação Artística é uma estrutura financiada pela REPÚBLICA PORTUGUESA – CULTURA / DIREÇÃO-GERAL DAS ARTES com o apoio do MUNICÍPIO DE ÉVORA

 

Sobre a Malvada

Fundada em 2018 por Ana Luena e José Miguel Soares, a dupla responsável pelas criações artísticas e direção deste projeto sediado em Évora, a Malvada aposta num território periférico como centro de criação e reflexão artística contemporânea.

A Malvada tem como fim a realização de projetos de criação que abrangem diferentes áreas artísticas e do conhecimento, frequentemente cruzando disciplinas como a fotografia, o vídeo, a literatura, a música, o teatro e a performance. Promove atividades de criação e fruição artísticas que envolvem a comunidade através da participação ativa em ações de mediação, serviço educativo, acessibilidade e inclusão social, potenciando uma relação de proximidade entre públicos diversificados e a obra artística.

 

ANA LUENA (Luanda, 1974) Dramaturga, encenadora, cenógrafa e figurinista. É doutoranda na Faculdade de Letras do Porto, em Estudos Literários, Culturais e Interartísticos. É Mestre de Teatro – especialização em Encenação, da Escola Superior de Teatro e Cinema do IPP Lisboa. Frequentou o Curso de Encenação de Ópera da Fundação Calouste Gulbenkian e foi colaboradora da Casa da Música. Terminou o curso profissional de cenografia e figurinos da ACE, no Porto (1995). Fundou o Teatro Bruto em 1995 e foi diretora artística e encenadora durante 20 anos. Encenou entre outros: ‘Lady & Macbeth’ concerto encenado; ‘É impossível viver’, a partir de Franz Kafka; ‘Objetos partidos’, a partir de Afonso Cruz; ‘O filho de mil homens’ de Valter Hugo Mãe; ‘Estocolmo’, de Daniel Jonas; ‘O sonho’, de August Strindberg; ‘A Tragédia de Romeu e Julieta’, de William Shakespeare. Apresentou espetáculos no Festival Rota das Letras – Macau, Guimarães 2012 CEC, TNSJ, Rivoli, São Luiz, etc. Já lecionou na Universidade Évora, na ESMAE, ACE e BalleTeatro. Escreveu em edições da revista literária Flanzine. Trabalhou com Ao Cabo Teatro, como assistente de encenação de Nuno Cardoso. Em 2016 muda-se para Évora. É fundadora da Malvada Associação Artística, onde assume a direção artística e a criação com José Miguel Soares, de todos os projetos. No âmbito da Malvada escreve e encena vários espetáculos.

JOSÉ MIGUEL SOARES (Ponta Delgada, 1977) Fotógrafo e Psicólogo. Desenvolve projetos artísticos de fotografia de autor e de cruzamento disciplinar. Estudou Fotografia no Istituto Europeo di Design em Roma, Psicologia na Universidade de Lisboa, Psicologia Social na Università degli studi di Padova. Residiu em Lisboa e em Roma onde trabalhou em imagem e comunicação durante mais de uma década. Atualmente reside em Évora. Tem as suas fotografias publicadas em dezenas de revistas, desde publicações de grandes grupos editoriais a projetos editoriais independentes, em diversas áreas que vão da fotografia de celebridades à arquitetura, das produções de moda à fotorreportagem, da fotografia de cena a projetos de autor. Realiza fotografia e vídeo para agências e marcas nacionais e internacionais. Premiado e nomeado em concursos como Jovens Criadores, Prémio Autores SPA, Society for News Design. Em 2018 funda a Malvada Associação Artística, onde assume a direção artística e a criação com Ana Luena, de todos os projetos. No âmbito da Malvada é autor de várias exposições.

FILIPA LEAL (Porto, 1979). Tem 12 livros publicados (desde 2003), entre os quais ‘A Cidade Líquida’ e ‘O Problema de Ser Norte’ (ed. Deriva), ou os mais recentes ‘Vem à Quinta-feira’ e ‘Fósforos e Metal sobre Imitação de Ser Humano’ (ed. Assírio & Alvim), ambos finalistas do Prémio Correntes d’Escritas e Semi-Finalistas do Prémio Oceanos. Está editada em Espanha (‘La Ciudad Líquida’, 2010); na Colômbia (‘En los días tristes no se habla de aves’, 2016); e em França (com a plaquete ‘La Ville Oubliée’, ed. Cahiers de l’Approche, 2021). Formada em Jornalismo pela Universidade de Westminter (Londres), é Mestre em Estudos Portugueses e Brasileiros pela Faculdade de Letras da Universidade do Porto. Está representada em várias antologias em Portugal e no estrangeiro. Em 2010, teve um dos seus poemas exposto no Metro de Varsóvia. Em 2012 e 2014, representou Portugal em encontros literários no Festival de Poesia de Berlim 2012 e na Conferência dos Escritores Europeus 2014/Long Night of European Literature. Em 2016, o seu poema ‘Hoje, também os carros dançam’ integrou uma instalação sonora europeia na British Library, em Londres. Poeta, jornalista e argumentista (destaque para o guião do filme ‘Jogo de Damas’, com a realizadora Patrícia Sequeira – Prémio de Melhor Guião nos Festivais de Cinema do Chipre e de Copenhaga), apresenta actualmente, com Pedro Lamares, o programa de literatura ‘Nada Será Como Dante’ na RTP2.

JOANA BÉRTHOLO (Lisboa, 1982) É licenciada em Design de Comunicação na Faculdade de Belas-Artes de Lisboa; e doutorada em Estudos Culturais pela European University Viadrina, na Alemanha. Em paralelo à criação literária, escreve para dança, para teatro e dá aulas. Em 2005 foi finalista do prémio Jovens Criadores. Em 2009, o seu primeiro romance ‘Diálogos Para o Fim do Mundo’ ganhou o Prémio Maria Amália Vaz de Carvalho, desde então publicou os romances ‘O Lago Avesso’ e ‘Ecologia’, os livros de contos (‘Inventário do Pó’, e ‘Havia’), e um livro infantojuvenil (‘O Museu do Pensamento’), todos na Editorial Caminho, e publicou noutras editoras, com destaque para a Dois Dias Edições e as Edições Prado. ‘O Museu do Pensamento’ recebeu o Prémio do Festival Literário de Fátima e foi nomeado para o Prémio SPA. ‘Ecologia’, de 2018, foi finalista de prestigiados prémios como o APE, PEN Clube, DST, Casino da Póvoa, e semifinalista do Prémio Oceanos. Escreveu várias peças para duas edições do Festival Teatro das Compras (com direção de Giacomo Scalisi) e apoiou a dramaturgia de criações de Madalena Victorino, Raquel Castro, Cláudia Andrade, Filipe Caldeira e Catarina Gonçalves, entre outros. A peça ‘Quarto Minguante’, escrita no Laboratório de Escrita para Teatro do TNDM II, estreou nesse mesmo teatro em 2018, com encenação de Álvaro Correia. No mesmo ano foi-lhe atribuída a Bolsa de Criação Literária, em Dramaturgia, pela Direção Geral dos Livros, Arquivos e Bibliotecas.

TIAGO ALVES COSTA (Vila Nova de Famalicão, 1980). Escritor e tradutor. Publicou ‘Žižek vai ao Ginásio’ (Através Editora, 2019 Galiza) e (Macondo Editora, 2020 Brasil), – Menção de Honra no Prémio Internacional de Poesia Glória de Sant ́Anna 2020, ‘Mecanismo de Emergência’ (2016) – Menção de Honra no Prémio Internacional de Poesia Glória de Sant ́Anna 2017 – e W.c constrangido (2012).  A sua primeira experiência em narrativa breve ‘A Porta do Reconhecimento’ foi premiada na 27ª edição do Certame de Narración Breves Manuel Murguía (Galiza). A sua obra apareceu publicada em diversas antologias e tem poesia e ensaio publicados em revistas de Portugal, Galiza, Espanha e Brasil. Em 2021 escreve a peça ‘O Cubo’ produzida pela companhia galega ‘Elefante Elegante’. É codirector da revista digital de artes e letras Palavra Comum. É membro da Associação Galega da Língua (AGAL) e o primeiro português a fazer parte da Asociación de Escritoras e Escritores em Lingua Galega (AELG). É licenciado em Publicidade pelo ISCET (Portugal) com uma Pós-Graduação em Criatividade e Inovação pela Tompkins Cortland Community College (E.U.A). Vive na cidade da Corunha desde 2009.  

 

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Contactos

 +351 928 142 697

[email protected]

Date

07 Jun 2023
Desde

Time

18:00 - 19:30

Localização

Academia das Ciências de Lisboa
Rua da Academia das Ciências, Lisboa
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