Lançamento do livro “Songbook – Vol. 3 | Vuca Pinheiro”
Vuca Pinheiro, Humberto Ramos e o CCCV – Centro Cultural de Cabo Verde têm o prazer de convidar para o lançamento do livro “Songbook – Vol. 3 | Vuca Pinheiro”, que terá lugar no CCCV, na Rua de São Bento, 640, 1250-222 Lisboa, no dia 19 de abril de 2023, às 18.30 horas. A entrada é livre.
VUCA PINHEIRO
Vuca Pinheiro nasceu na Vila Nova Sintra, Ilha Brava, no dia 23 de janeiro de 1948. Filho de Júlio José Pinheiro, médico, já falecido e de Maria da Conceição Azevedo Pinheiro. Tem 10 irmãos, sendo 5 mulheres e 5 homens, curiosamente espalhados por 3 continentes, sendo que o maior número deles reside em 6 diferentes Estados dos EUA. Passou a primeira infância na ilha Brava, mais precisamente na Vila Nova Sintra, no auge da sua vitalidade habitacional, num clima de muita intensidade cultural, num ambiente propício a serenatas, saraus culturais, festas de romaria e musicalmente favorável à introdução de jovens em andanças de aprendizagem musical. O seu primeiro instrumento musical foi uma gaita de boca oferecida por um amigo do seu pai. Noutros tempos, também o seu pai já lhe havia oferecido uma guitarra portuguesa. Mas, aos poucos, ainda garoto (por volta dos 12 anos de idade) e durante o período de férias escolares, começou a sentir a influência das serenatas, das tocatinas na praça e dos ensaios de grupos musicais da época na ilha Brava. Nessa ilha, sempre houve o hábito de quase todos tocarem um instrumento musical, mas havia um tocador que sobressaía dos demais e por isso cativava a sua atenção. É ele o Djick Oliveira, antigo professor do Liceu da Praia e hoje também professor de violão. Assim, e sem que o próprio Djick o percebesse, tornou-se o seu mentor, e a tentativa de emulação do mestre veio logo a seguir, quando em casa tentava repetir o seu feito. Essas tentativas tornaram-no muito cedo num autodidata que gosta de explorar as cordas de um violão e desenvolveu uma maneira muito peculiar de tocar, uma vez que nunca gostou de imitar ninguém.
Mais tarde, já no Brasil, complementou a sua educação musical frequentando uma escola de música (“Música de Minas”) por 2 anos, o que o ajudou a alargar os seus conhecimentos musicais, e a conhecer e a aceitar novos horizontes, novas escalas e novos ritmos. O seu trajeto musical sempre teve a finalidade primeira de fazer renascer a composição bravense e trazê-la para o seio da atualidade musical cabo-verdiana, uma vez que a mesma vinha progressivamente se perdendo no tempo sem que se pudesse vislumbrar outro panorama mais favorável.
A saudade da terra natal, vivida em terras brasileiras e a necessidade de preservar a cultura tradicional cabo-verdiana (especialmente a bravense), fez com que focasse toda a sua atenção no assunto. Começou por gravar, nos EUA em 1985, o seu primeiro disco (“Força Di Cretcheu”), quando a música da Martinica sufocava literalmente a música tradicional cabo-verdiana. Contrariamente a todas as previsões, esse disco de mornas antigas da ilha Brava conseguiu obter um enorme sucesso que fez com que a Morna se reafirmasse no cenário musical cabo-verdiano nos EUA.
DISCOGRAFIA
1985 – “Força Di Cretcheu” – Instrumental – Mornas antigas da ilha Brava da autoria de Eugénio Tavares, José Medina, Rodrigo Peres, Silvestre Faria, Wilson Nunes e Lúcio Azevedo.
1987 – “Ês Quê Nha Terra Cabo Verde” – Instrumental – Mornas antigas da ilha Brava espelhando composições de Eugénio Tavares, Djedjinho, Silvestre faria, José Medina, Edwino Nunes e Álvaro Soares. Para demonstrar que tinha intenção de gravar mornas de outras ilhas, incluiu neste disco mais duas mornas de São Vicente, composições de Gabriel Mariano, Jacinto Estrela e Djô D’Eloy.
1993 – “Cretcheu Na Paz” – Instrumental – 8 mornas antigas da ilha Brava. Neste disco incluiu duas composições de sua autoria, sendo uma delas (“Nôs Poeta Rodrigo”) uma homenagem a Rodrigo Peres, um dos grandes compositores da Ilha Brava. A outra morna (“Sodade de Cabo Verde”) viria a ser regravada mais tarde no cd “Vuca Pinheiro & Amigos”.
1996 – “Fama Sem Prubêto” – Instrumental – Mornas da Brava, Fogo, Boavista e São Vicente, para além de novos ritmos incluídos como a mazurca, valsa e samba, estes de sua autoria.
2000 – “Vuca Pinheiro & Amigos” – Devido ao acúmulo de composições de sua autoria, versando sobre amor, saudade e crítica social, decidiu convidar cantores da comunidade cabo-verdiana emigrada para interpretarem essas composições. Participaram do cd: Djosinha, Piduca Silva, Armando de Pina, Sãozinha Fonseca, Quirino DoCanto, Lutchinha, Zé Rui, Judite Pinheiro, Duducha, Amadeu Fontes, José Silva, Galvão e Vuca Pinheiro, num total de 32 músicos envolvidos.
2009 – “Terra De Eugénio” – Segundo cd com composições de sua autoria interpretadas por Bana, Tó Alves, Piduca Silva, Armando de Pina, Calú Bana, Toi Pinto, Quirino DoCanto, Judite Pinheiro, Lutchinha, Carlos Diamantino e Aníbal. Este cd, versando também sobre o amor, a saudade e a crítica social, teve a colaboração de 34 artistas sob o tema da “união entre músicos”.
2012 – “Novo Horizonte” – Duplo cd instrumental com um total de 51 temas gravados em 30 faixas. Para além de 12 composições de sua autoria, este cd duplo contém temas de origem cabo-verdiana, brasileira, portuguesa, latina e argentina.
2012 – “Marchas de Fim-de-Ano da Ilha Brava” – Um trabalho de pesquisa e recuperação de 15 temas da memória bravense dos anos dourados da Ilha das Flores, (por sinal com 4 composições do seu pai), com interpretações de Djosinha, Armando de Pina, Sãozinha Fonseca, Van Feijóo Pereira, Djuta Barros, Peter Arteaga, Esmeraldo Duarte e Carlos Mendes.
2018 – “50 Anos de Lides Musicais de Vuca Pinheiro” – Duplo cd sendo um com 14 temas de sua autoria e outro instrumental com uma seleção de alguns temas dos seus quatro primeiros álbuns instrumentais. No primeiro, e só para esta ocasião especial, pediu licença aos seus amigos para se apresentar neste cd como “cantor”, algo que definitivamente não se considera!
Apresentadores:
HUMBERTO RAMOS
Nasceu em S. Vicente, Cabo Verde, no ano de 1967 e vive em Lisboa desde 1994. É compositor, pianista, professor e orquestrador. Iniciou os seus estudos na Escola Salesiana, no Mindelo, com o Rev. Pe. Cristiano Rodrigues. Em 1994 veio para Portugal, onde fez o curso de piano na Academia de Amadores de Música de Lisboa. Estudou Jazz com Zé Eduardo e piano jazz com João Maurílio. Licenciou-se em Composição na Escola Superior de Música de Lisboa, onde foi aluno dos compositores Carlos Caires e António Pinho Vargas. Nos últimos anos tem trabalhado na pesquisa e recolha dados sobre música de Cabo Verde. Criou um site, único em CV, com letras e cifras de quase todos os compositores cabo-verdianos conhecidos. Além do site, está a trabalhar no projeto Songbook, dedicado à música de Cabo Verde, que numa primeira fase editará 20 livros, de 20 compositores, com 20 temas/compositor. O Songbook contém letras e cifras e ainda partituras em formato Leadsheet (Melodias com letras e cifras). O volume I, com temas da sua autoria, foi lançado em dezembro de 2022. Em 2023 serão lançados novos volumes, começando em abril com o livro sobre Vuca Pinheiro da Ilha Brava, seguido de George Tavares, da Ilha do Maio. Como pianista e diretor musical tem acompanhado um sem número de cantores, entre os quais: Cesária Évora, Bana, Ildo Lobo, Titina, Celina Pereira, Maria Alice, Ana Firmino, Jorge Humberto, Lura, Fantcha, Dudú Araújo, Mariana Ramos, Tito Paris, Dany Silva, Carla Correia, Felisberto Andrade, Celso Évora, Élida Almeida, Lucibela Freitas, Cremilda Medina, Calú Moreira, Jorge Sousa, Calú Bana, Guty Duarte, Bonga, Teófilo Chantre, Zenaida Chantre, Nancy Vieira, Sara Tavares, Gardénia Benrós, entre muitos outros.
ALVENO ÓSCAR PEREIRA FIGUEIREDO E SILVA
Nasceu na cidade da Praia, ilha de Santiago, a 8 de agosto de 1966. É licenciado em Ciências da Comunicação e da Cultura pela Universidade Lusófona de
Humanidades e Tecnologias de Lisboa – Portugal. Viveu a infância e adolescência no Sal, onde revelou a sua apetência pela rádio, chegando e fazer parte da então Retransmissora do Sal, primeira estação radiofónica oficial da ilha, que evoluiu mais tarde os estúdios do Sal da Rádio Nacional de Cabo Verde, em 1985. Em 1988, integrou-se como apresentador, sucessivamente, da TVEC (Televisão Experimental de Cabo Verde), TNCV (Televisão Nacional de Cabo Verde), e
atual RTC (Radiotelevisão Cabo-verdiana). Realizou inúmeros documentários televisivos sobre aspetos ligados à Música e à História de Cabo Verde, sobretudo no arquipélago e junto das comunidades na diáspora, nomeadamente Bélgica, Luxemburgo, Holanda, Portugal e Estados Unidos da América. Trabalhou ainda para a RTP África, no programa «Nha Terra, Nha Cretcheu», Rede Record de Televisão e Tiver Cabo Verde. Na Holanda foi coordenador das emissões da então Rádio Voz de Cabo Verde, entre 1995 e 1998