Lago Libidinal – Jonathan Uliel Saldanha
O Lago Libidinal é uma instalação cénica e um viveiro para humanos, som e luz, construído em torno da superfície pulsante de um lago tóxico. Esta zona temporária está ocupada por modelos de fungos que consomem dados do capital, constituindo um organismo maior.
A superfície e a sua modulação de cor são interpretadas pela música, fazendo uso da difusão de som multicanal e instrumentos eletronicamente expandidos para criar a densidade espectral do som da superfície. O lago é construído a partir de uma rede artificial autorregulada que recebe informações sobre as flutuações do capital da bolsa, na forma de dados em tempo real, processados através de uma Inteligência Artificial com base no comportamento de um fungo, criando uma alteridade necro-política a partir do futuro. Lago Libidinal é tanto uma investigação quanto uma síntese visual e sónica das interações entre os humanos e a paisagem por meio dos mecanismos de superfície, permitindo a experiência háptica dos comportamentos crípticos do sistema.
Este trabalho encerra a pesquisa realizada com as peças cénicas O POÇO — máquina de exumação acústica vertical a partir do petróleo e de corpos humanos —, RED MERCURY — monodrama oracular baseado em um testemunho orgânico e mineral —, LITHIUM FAUST — sistema dissociativo onde o movimento de luz e a tesselação do som definem uma paisagem sintética numa simultaneidade topológica a partir de um pacto corpo/técnica —, 3xDRILL — sistema multicanal híbrido em que o corpo revela pelo gesto-dança a presença de um organismo indecifrável, um fungo.
Jonathan Uliel Saldanha é músico, artista visual, construtor sonoro e cénico. Investiga zonas de intercepção entre a pré-linguagem, alteridade, ficção científica, o som enquanto vector de contágio e a tensão entre o sintético e a paisagem. É artista associado do Teatro Municipal do Porto nas temporadas 2020/2021 e 2021/2022.
Lago Libidinal – Jonathan Uliel Saldanha