Ciência e Cultura. Quebrar fronteiras: “O riso de Demócrito”
Ciência e Cultura. Quebrar fronteiras: O riso de Demócrito
CICLO DE SEMINÁRIOS | 26 fev. ’24 | 14h30-16h30 | Sala de Formação | Entrada livre
RESUMO
A lenda de Demócrito, formada a partir das Pseudoepigrapha, isto é, cartas falsamente atribuídas a Hipócrates e seus correspondentes, é uma narrativa exemplar em torno da loucura e do modo como ela afeta as relações entre o indivíduo e a sua comunidade.
O ponto de partida é uma carta do Senado e do Povo de Abdera, cidade natal de Demócrito, dirigida a Hipócrates, o fundador da medicina racional, em que é solicitada a ajuda deste grande médico para curar a loucura de Demócrito, patente na estranheza do seu modo de vida, em especial no riso permanente, a propósito de tudo e de nada, sem distinguir bem e mal, o útil e o funesto. Hipócrates desloca-se de Cós a Abdera para observar e diagnosticar o mal do insigne filósofo. Após uma longa “consulta”, Hipócrates faz o diagnóstico: Demócrito está de boa saúde e com ânimo forte, a sua cidade é que está doente.
Dentre as questões suscitadas pela lenda democritiana, refiram-se: como distinguir o louco da pessoa saudável? A via da sabedoria implica afastamento da multidão e da doxa?
Existe uma boa edição bilingue (greco-inglês) das Pseudoepigrapha, de W. D. Smith (ed.) Hipocrates, Pseudepigraphic Writings, Leiden: Brill, 1990.
SOBRE O AUTOR
Adelino Cardoso é doutorado em Filosofia pela Universidade de Lisboa, é Investigador Integrado do CHAM – Centro de Humanidades.
Os seus interesses de investigação distribuem-se pela filosofia moderna, pensamento português, fenomenologia, história e filosofia da medicina.
Coordenou projetos interdisciplinares articulando nomeadamente filosofia, medicina, história e literatura: “Filosofia, Medicina e Sociedade” (2007-2011); “O conceito de natureza no pensamento médico-filosófico na transição do século XVII ao XVIII” (2012-2015) e “Arte médica e inteligibilidade científica na Archipatologia de Filipe Montalto” (2013-2015).
Publicou um vasto número de artigos em revistas especializadas e vários livros, entre os quais, Leibniz segundo a expressão (1992), Fulgurações do eu. Indivíduo e Singularidade no pensamento do Renascimento (2002), Vida e percepção de si. Figuras da Subjectividade no século XVII (2008), Labirinto do eu (2019). Coordena uma das secções da “História global do pensamento português”, coordenada por José Eduardo Franco e Samuel Dimas.
Coordena, com Teresa Casal, o Seminário Permanente de Humanidades Médicas; coordena, com Teresa Lousa, o Seminário “Modos da Melancolia”.
É membro da Comissão de Ética do Instituto Português de Oncologia e do Conselho de Ética da Fundação Champalimaud.
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24 junho | A ‘alienatio mentis’ e os limites da razão na literatura medieval em Portugal | Bruno Barreiros
22 julho | O problema estético em G. W. Leibniz | Sofia Araújo
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21 outubro | Feminino e objeto feitiço: a dinâmica da falta na relação de objeto | Joana Lamas
Coordenação: Adelino Cardoso e Nuno Miguel Proença